16 fevereiro 2006

O Homem da Maça


Não, não falta nenhum acento. É mesmo maça e não maçã.

Realizaram-se há dias em Santa Cruz do Bispo, no concelho de Matosinhos, as festas anuais em honra de S. Brás. O local da realização das festas é um monte muito aprazível (mais no Verão do que agora no Inverno, é claro!), chamado Monte de S. Brás, onde existem duas capelas: a capela de S. Brás propriamente dita e a capela de Nossa Senhora do Livramento, mais pequena do que a outra e separada dela por uma ponte que passa sobre a estrada.

A capela de S. Brás propriamente dita não tem nada de especial. É uma capela igual a muitas outras espalhadas por este Entre-Douro-e-Minho fora. A outra capela é mais interessante e possui no seu interior um belo conjunto de ex-votos, isto é, pinturas ingénuas que o povo pintou em honra do santo ou de Nossa Senhora, descrevendo e agradecendo milagres. Vale a pena ver os ex-votos. O problema é que a capela está sempre fechada e praticamente só abre uma vez por ano, por ocasião das festas.

Além das duas capelas, estão no Monte de São Brás as duas esculturas de granito que se vêem na foto acima: um animal parecido com um leão e um homem, a que o povo chama "O homem da Maça".

(...)É a ele que as raparigas casadoiras vão para lhe pedir um rápido casamento e os casais que a sua união seja abençoada com um rebento. Caso as pretensões sejam atendidas, no ano seguinte vai-se ao Homem da Maça e parte-se uma garrafa cheia de vinho na cabeça da estátua. Ainda agora, no domingo de festa, estes rituais são repetidos. No entanto, o vinho é muitas vezes substituído pela cerveja. A poupança assim o obriga.

(in Matosinhos Hoje)

"Antigamente é que era", repetem ainda hoje as pessoas que marcam encontro com a romaria. No tempo que em tudo se processava a pé, vinha-se até S. Brás em rusgas e grupos de algazarra, para fazer, sobretudo a juventude, a tradicional romaria a S. Brás e ao "Homem da Maça", que para o povo tudo era o mesmo. E cantava-se:

Meu rico S. Brás da Maça
A vós me vou abraçar.
Arranjai-me um namorado;
Solteira, quero casar.

Mandaste-me esperar
Na capela de S. Brás;
Esperei e não vieste,
Tens palavra de rapaz!"

(in Extractos de "Monografia de Santa Cruz do Bispo")

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