29 dezembro 2006

Labarik-feto Ida Tanis

Casas tradicionais da etnia Fatuluk em Desa Rasa, Los Palos, na parte Leste (Lorosa'e) de Timor (Foto: I.C.R.A. International - Agir pour Timor (França) - SOS Timor (Bélgica) - 1998)


Recebi há dias, de um meu visitante de Timor Leste, um poema escrito em tétum. Encontrei a seguir, no blog Timor Cartoon, uma tradução deste poema, mas contendo alguns erros de português. Sem dúvida que quem fez a tradução foi um timorense que não domina completamente a língua portuguesa. Eu podia ter feito como fez o autor do blog referido, publicando a tradução do poema com os erros corrigidos. Preferi no entanto publicá-la tal como o timorense anónimo a escreveu, apenas com uma diferença: coloquei os acentos nas palavras, para facilitar a sua leitura. Acho que a tradução original, com erros e tudo, é mais genuína.

Seguem-se o poema em tétum e a sua tradução.


LABARIK-FETO IDA TANIS

Amá, Natál agora besik ona
Kosok-Oan Jezús sei moris dala ida tan,
maibé Bete sei hela iha uma halo ho lona
no ha'u-nia maun nia liman sei fo'er ho raan.

Bete ne'e ha'u-nia belun di'ak liu hotu,
nia tinan hanesan ha'u, ami tama SD hamutuk,
ami tanis bainhira haree nia apá nia iis kotu
enkuantu ahi han sira-nia uma to'o mutuk.

Nia apá mate tanba ema oho,
oho de'it tanba tiu ne'e ema-lorosa'e.
Sira la biban halai ba foho
hanesan dezlokadu sira halai tun-sa'e.

Bete ho nia família viziñu di'ak,
nu'usá imi komesa odi sira derrepente?
Ita hotu iha-ne'e mesak ema kiak...
imi hotu agora laran-dodok, ha'u sente!

Joven sira husi bairru maka sunu,
ha'u-nia maun rasik mós ajuda.
Ba ida-ne'e maka uluk imi funu?
Ha'u baruk, ha'u hakarak vida atu muda.

Imi la bandu, la obriga nia hela iha uma,
imi husik nia sai vadiu la iha edukasaun,
baku malu, taa malu, hanesan futu-manu ruma.
Hanesan ne'e maka imi hakarak harii nasaun?

Amá, ida-ne'e maka futuru ba labarik
iha nasaun foun Timór Lorosa'e?
Se futuru hanesan ne'e duni karik
entaun ha'u hakarak sai malae.

Afonso Busa Metan


UMA MENINA ESTÁ A CHORAR

Mãe, o Natal já está chegar
O menino Jesus vai nascer mais uma vez,
mas Bete ainda vive na casa feita com lona
e a mão do meu irmão ainda suzo com sangue.

Bete é a minha amiga melhor de todos,
ela tem idade como eu, nós entrámos na escola primária juntos,
nós chorámos quando vemos falecimento do pai dela
emquanto o fogo queimar a casa deles até muito queimado.

O pai dela moreu por causa de pessoas lhe matou,
matou-lhe porque este senhor é de Lorosae.
Eles não têm oportunidade refugiar para montanha
como outros delocados fuziram de um lugar para outro lugar.

Bete com sua família é vizinho bom,
como é que vocês começa odi eles de repente?
Nós todos que estamos aqui somos pobres...
vocês todos agora mau coracão, eu acho

Os Jovens de bairro que queimar,
o meu irmão própio também ajuda.
Para isto que vocês lutaram?
Estou farta, quero mudar minha vida..

Vocês não bando não obriga ele fica em casa,
vocês deixa-lhe ser vadio não tem educação,
bater um contra outros, cortar um com outros, como lutas de galos.
Como assim que vocês quererem arguer nação?

Mãe, isto é que futuro para crianças
em novo nação Timor Lorosae?
Se futuro como assim mesmo talvez
então eu quero ser malae.

Comentários: 6

Blogger Terra escreveu...

Este comentário foi removido pelo autor.

30 dezembro, 2006 16:35  
Blogger Terra escreveu...

Pois foi assim que aprendi com o trabalho de campo e entrevistas.
Mais vale uma tradução feita pelos próprios, que aquela feita por um "erudito" que lhe tire a alma e o sentido real.
Um beijinho de Boas Entradas.

30 dezembro, 2006 16:36  
Blogger João Carlos Carranca escreveu...

Gostei, está bem claro que da tradução, porque no original desentendi por completo. Também não se pode ser enciclopédico.
Um bom ano de 2007
ps: desculpa lá a confusão do script mas com a tua opinião, que prezo, já lhe modifiquei e espero que lhe consigas navegar sem calema ou maka de tecla.

30 dezembro, 2006 19:10  
Blogger ELCAlmeida escreveu...

As minhas desculpas mas vou "roubar" este poema para o Malambas.
Cumprimentos
Eugénio Almeida

01 janeiro, 2007 20:27  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

"Roube" à sua vontade, caro Eugénio. O poema não é meu...

03 janeiro, 2007 12:09  
Blogger inominável escreveu...

pungente como só a emoção e o sentimento. como só a verdade.

04 janeiro, 2007 00:09  

Enviar um comentário