23 janeiro 2007

Onde Portugal começa


Este título poderia ser aplicado a qualquer ponto da fronteira ou da costa, ou ainda em redor de todas as ilhas dos Açores ou da Madeira... Neste caso, Portugal começa no penhasco de onde tirei esta fotografia e do qual se vê um pedaço, em baixo à direita.

O rio grande que se vê na imagem é o Douro e é neste ponto que ele deixa de atravessar somente terras de Espanha, para passar a fazer fronteira entre a Espanha e Portugal. É aqui, portanto, que começa o chamado Douro Internacional, junto à pequena aldeia de Paradela, no concelho de Miranda do Douro. A linha de fronteira que separa os dois países vem de Oeste, ao longo do pequeno rio que serpenteia à esquerda em baixo, e passa a partir daqui a seguir para Sul, ao longo do Rio Douro.

As casas que se vêem na imagem são evidentemente espanholas, tal como é espanhola a estrada que desce até junto do rio, onde existe uma pequena barragem, que fica a escassos centímetros da fronteira com Portugal e que por isso também é espanhola.

A paisagem circundante é predominantemente plana e bastante árida, típica da Meseta Ibérica. O planalto mirandês é a sua continuação mas é um pouco mais fértil, apresentando muitas semelhanças com o Alentejo.

Comentários: 8

Blogger inominável escreveu...

depois da fotografia, quase que ficou surreal lembrar-me das paisagens alentejanas... mas deves estar a falar do vale do Guadiana ou algo por aí à volta, não?

23 janeiro, 2007 23:34  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Inominável, a paisagem do planalto mirandês não é igual à paisagem que se vê na fotografia. Nas terras de Miranda vêem-se searas parecidas com as do Alentejo, só que não são de trigo, são de centeio. A planura e as poucas árvores existentes ajudam à semelhança. Também a airosa vila de Mogadouro, mais a sul, parece estar implantada em pleno Alentejo.

24 janeiro, 2007 00:24  
Blogger a.leitão escreveu...

A foto é excelente e condiz com a recordação(!) de uns 30 anos atrás; discordo da semelhança com o Alentejo, que aliás conheço mal, mas que no meu ideário se traduz por uma terra mais suave e longínqua em contraponto à agressividade, rudeza e vida do Nordeste Transmontano.

24 janeiro, 2007 00:35  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Amigo A. Leitão, costuma-se dizer que uma imagem vale mais do que mil palavras. Dê uma vista de olhos a esta página que encontrei na Web após uma rápida pesquisa e compreenderá o que eu quis dizer ao comparar o Planalto de Miranda com o Alentejo. Não é o Alentejo, mas é parecido.

24 janeiro, 2007 11:48  
Blogger a.leitão escreveu...

Denudado,
As fotos são espectaculares mas parece-me que são apenas de uma pequena parte de todo o Nordeste.
De qualquer forma penitencio-me. A última vez que por lá passei vai para 30 anos. Aquela corda que vai de Bragânça, Vimioso, Miranda e acaba em Freixo é ou era quase como o farwest.

25 janeiro, 2007 00:39  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

A. Leitão, o Planalto Mirandês é só uma parte de todo o Nordeste Transmontano, com efeito. Abrange, mais ou menos, os concelhos de Vimioso, Miranda do Douro e Mogadouro. O resto do Nordeste é muito mais acidentado (sobretudo para os lados de Vinhais) e mais agreste, embora a vida nas terras de Miranda também não deva ser fácil.

Se o amigo percorrer a parte do Planalto Mirandês que se estende para norte da cidade de Miranda do Douro (passando por Vale de Águia, Ifanes, S. Martinho de Angueira, Constantim, etc.), encontrará uma paisagem que é em tudo semelhante à das fotos. Se for para sul de Miranda, além de campos de centeio encontrará outras culturas, pelo que a paisagem parece ser um pouco menos "alentejana". Na região de Sendim e de Palaçoulo (entre Miranda e Mogadouro) cultivam-se bastantes vinhas até, das quais provém o vinho "Pauliteiro" e também o vinho "Mirandum", que é o vinho corrente da cooperativa local.

(Só de escrever sobre Miranda do Douro fiquei com uma fome danada, porque me lembrei da posta mirandesa...)

25 janeiro, 2007 01:17  
Blogger a.leitão escreveu...

Denudado,
Vou contar-lhe um pequeno percalço por aqueles lados, já vão anos.
Num daqueles verões Transmontanos, depois de bem almoçado na estalagem de Macedo botei-me à estrada a caminho de Mogadouro. O pós prandial numa situação daquelas é um pouco comatoso. Alguns Km e encosta que se faz tarde. Acordei ao chiar de um carro de bois que passava. Estremunhado e apressado, porque tinha um encontro marcado, lá pus o carro a trabalhar, olho para o relógio... bem, eram sete (7) da tarde. Rica soneca de 5 horas.
Quando a mente não deve o corpo descança.

25 janeiro, 2007 23:54  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

A. Leitão, em Trás-os-Montes come-se bem, não há dúvida!

Pelo menos o amigo teve o bom senso de encostar o carro em vez de insistir em seguir viagem. Aquela estrada entre Macedo de Cavaleiros e Mogadouro tem muitas curvas e alguns barrancos. O amigo poderia sofrer um acidente grave.

Se estiver disponível, bem entendido, o amigo poderá repetir a proeza dentro de pouco tempo, indo a Trás-os-Montes ver as amendoeiras em flor. A época delas está aí a chegar, como sabe. Não será em Macedo ou Mogadouro que as encontrará, mas na Terra Quente: Carrazeda de Ansiães, Vila Flor, Alfândega da Fé, Torre de Moncorvo, Freixo de Espada-à-Cinta, etc.

Se for à zona fronteiriça de Freixo e de Barca de Alva, poderá notar uma clara diferença na paisagem entre Portugal e Espanha. Enquanto que do lado de Portugal as encostas estão cobertas de amendoeiras primorosamente cuidadas, do outro lado do Rio Douro os amendoais espanhóis estão abandonados e com um aspecto confrangedor. Neste caso, pelo menos, Portugal fica a ganhar...

28 janeiro, 2007 02:49  

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