20 janeiro 2014

Morreu um grande maestro



Abertura Egmont, op. 84, de Ludwig van Beethoven, pela Orquestra Mozart dirigida pelo maestro Claudio Abbado (1933-2014)

A abertura Egmont, de Beethoven, que o maestro italiano Claudio Abbado, agora falecido, dirige aqui de forma incomparável, é a abertura de um conjunto de composições musicais que Beethoven escreveu para servir de acompanhamento à representação de uma peça teatral de Johann Wolfgang von Goethe, chamada, ela também, Egmont.

O herói da peça de Goethe e, portanto, desta abertura de Beethoven é um nobre holandês do séc. XVI, chamado Lamoral, conde de Egmont ou Egmond. Nessa época, a Holanda e a Flandres estavam sob o domínio espanhol de Filipe II (Filipe I de Portugal). O conde de Egmont, embora fosse católico, opôs-se à introdução da Inquisição nos Países Baixos e procurou convencer o rei de Espanha a alterar a sua política opressiva em relação a estes territórios. O rei não mudou de política e Egmont acabou por ser preso pelo duque de Alba e decapitado na Grand Place, em Bruxelas, no dia 5 de junho de 1568. A sua morte desencadeou uma revolta generalizada, que acabou por conduzir à libertação da Holanda do domínio espanhol, revolta na qual Guilherme de Orange desempenhou um papel de primeiro plano.

Ludwig van Beethoven era alemão mas, como o seu nome sugere, tinha ascendência holandesa. Não admira, portanto, que tenha composto esta obra. A abertura começa por nos dar a ouvir o clima opressivo que se vivia na Holanda sob o domínio espanhol. A partir dos dois minutos e vinte e oito segundos deste vídeo, começamos a ouvir o avanço imparável da Holanda a caminho da libertação. Aos sete minutos e trinta e cinco segundos, ouve-se a decapitação de Egmont às mãos dos espanhóis, mas a partir dos sete minutos e cinquenta e dois segundos a luta contra a tirania recomeça e a abertura termina com a apoteose da libertação.

Mais do que a exaltação de um herói nacional holandês, a abertura Egmont, de Beethoven, é um incitamento à resistência contra a opressão, qualquer que ela seja, e um hino à liberdade. Foi assim que Beethoven quis que ela fosse e é assim que ela tem sido entendida ao longo dos tempos. O grande maestro Claudio Abbado dá-no-la a ouvir aqui com uma força incomparável. Este maestro foi sem dúvida um extraordinário intérprete de Beethoven. Resta dizer que a orquestra que ele dirige nesta gravação, a Orquestra Mozart, foi fundada por ele mesmo.

Comentários: 4

Anonymous Anónimo escreveu...

vi o seu comentário na UJM, tropecei neste post, para não ir embora sem deixar nada, fica isto - http://213.188.106.66/

pode parecer, malicioso mas não é, é a obra de Mozart online completa

24 janeiro, 2014 18:26  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Muito obrigado pelo link, caro/a anónimo/a. São horas e horas de música! Que maravilha! Já estou a ouvir a Sinfonia nº 40...

Fazendo a pesquisa sobre o endereço deste site, vim a descobrir que ele é da HEAGMEDIANET HSE Medianet GmbH, de Griesheim, Frankfurt am Main, Alemanha.

25 janeiro, 2014 00:20  
Blogger A J Faria escreveu...

Realmente, a música ficou mais pobre com o desaparecimento de Claudio Abbado. Gostei de conhecer o seu blogue cuja qualidade é notória.

28 janeiro, 2014 17:02  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Muito obrigado pelas suas amáveis palavras, prezado A J Faria. Procuro fazer o melhor que posso.

29 janeiro, 2014 02:30  

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