14 janeiro 2016

O duo de guitarra clássica "Índios Tabajaras"


Recuerdos de la Alhambra, do compositor espanhol Francisco Tárrega (1852–1909), pelos Índios Tabajaras


Os "Índios Tabajaras" foram um duo de guitarra clássica constituído por dois irmãos, chamados Muçaperê e Erundi, que eram índios genuínos do povo Tabajara, do estado do Ceará, no Nordeste do Brasil. Em 1933 eles saíram do seu Ceará natal e mudaram-se para o Rio de Janeiro, tendo percorrido dois mil quilómetros a pé. Na capital carioca, Muçaperê e Erundi foram batizados e registados pelo tenente Hildebrando Moreira Lima, com os nomes de Antenor Moreyra Lima e Natalício Moreyra Lima, respetivamente.

Músicos autodidatas, os dois irmãos assinaram um contrato de gravação com a RCA em 1943, provavelmente, e tocaram pela primeira vez numa rádio do Rio, a Rádio Cruzeiro do Sul, em 1944. Em 1950, interromperam a sua carreira para receberem lições formais de guitarra. Em 1953 reapareceram com um novo disco e o seu êxito não parou de aumentar, tendo efetuado digressões pela Argentina, Venezuela e México. Em 1957 foram para os Estados Unidos, três anos depois regressaram ao Brasil. Fizeram digressões pela Europa e pela América do Norte até que acabaram por se fixar nos Estados Unidos mais uma vez. Os "Índios Tabajaras" gravaram os seu últimos discos durante os anos 80. Nesta década, Antenor (Muçaperê) retirou-se da vida artística e o seu irmão Natalino (Erundi) continuou a tocar com a sua esposa, Michiko, até aos anos 90. Erundi faleceu em 2009.

Uma das características principais da música tocada pelos "Índios Tabajaras" é o seu enorme ecletismo. Os "Índios Tabajaras" tocaram música de géneros tão diversos como música popular brasileira, música de dança de vários estilos (um seu fox-trot, chamado "Maria Helena", teve um êxito extraordinário nas Américas e na Europa), música clássica, etc. Foi no domínio da música clássica que os "Índios Tabajaras" atingiram o apogeu da sua execução musical, tocando e gravando adaptações para duas guitarras de obras de Heitor Villa-Lobos, Chopin, Tchaikovsky, etc.



Adaptação para duas guitarras clássicas da Valsa para piano nº 7 em dó sustenido menor, op. 64 nº 2, de Chopin (1810–1849), pelos Índios Tabajaras

Comentários: 2

Blogger Isabel escreveu...

São muito bonitas as duas músicas,
Não conhecia este duo.

Desejo-lhe um bom fim-de-semana:)

16 janeiro, 2016 18:03  
Blogger Fernando Ribeiro escreveu...

Eu tinha ideia de ter ouvido algumas vezes no rádio uns tais Índios "Qualquer-coisa" durante a minha infância e adolescência. Mas não me lembrava de ter gostado alguma vez da música deles. Há tempos, ouvi-os na Antena 2, num programa semanal de música brasileira gravada em vinil, chamado "Acervo Origens", que vai para o ar, salvo erro, nas noites de quarta para quinta-feira entre a meia-noite e a uma da manhã. O programa é muito bom, pois passa verdadeiras preciosidades da música popular do Brasil. Vale a pena ouvi-lo. Nesse programa, passaram os Índios Tabajaras a tocar duas ou três peças de música popular brasileira, daquela bem popular. Gostei muito e vim procurar na internet mais informações sobre eles. Encontrei-as logo e fiquei encantado com as suas interpretações de música clássica. A música dos Índios Tabajaras que eu ouvia no rádio quando era menino e moço, por seu lado, era do género música ligeira e continuo a não gostar dela. É o caso do tema "Maria Helena", que encontrei no Youtube e que passava frequentemente no rádio. Não é música que me agrade e por isso não coloquei o vídeo neste post. Mas se a Isabel tiver curiosidade, pode ouvi-lo no link seguinte: https://www.youtube.com/watch?v=_rQheOglFos.

18 janeiro, 2016 03:37  

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