20 outubro 2016

As Promessas

As Promessas, pintura a óleo de José Malhoa (1855–1933). Museu José Malhoa, Caldas da Rainha


Para mim, só existe um José Malhoa. É o pintor José Vital Branco Malhoa, nascido nas Caldas da Rainha em 28 de abril de 1855 e falecido em Figueiró dos Vinhos em 26 de outubro de 1933. O resto é música pimba.

José Malhoa foi um notável pintor português que, juntamente com Silva Porto, Columbano e Rafael Bordalo Pinheiro, entre outros, introduziu a corrente naturalista em Portugal. A sua obra tanto abarca retratos de personagens suas contemporâneas, como pinturas de caráter urbano, de que é exemplo o seu famoso quadro O Fado, como pinturas de temática rural, ou pelo menos ruralizante, de entre as quais se destaca o seu quadro Clara, que representa uma personagem do romance As Pupilas do Senhor Reitor, de Júlio Dinis, sob a forma de uma robusta e sadia camponesa minhota. O Fado é certamente o seu quadro mais famoso, mas há outros que são igualmente muito conhecidos, tais como Os Bêbados e Praia das Maçãs, além, evidentemente, de Clara.

O quadro que aqui trago à apreciação de quem me visita é um dos meus preferidos deste grande pintor. Chama-se As Promessas e está patente no Museu José Malhoa, na cidade das Caldas da Rainha, museu este cuja visita recomendo e onde se podem admirar muitas outras obras de outros notáveis artistas portugueses dos séc. XIX e XX.

Em As Promessas, o intenso dramatismo expresso nas figuras das pagadoras de promessas, sucumbindo ao esforço sobre-humano que a si próprias exigem, em contraste com o ambiente festivo da procissão que as segue e das ornamentações que ladeiam o caminho que seguem, é comovente. O empenho que José Malhoa colocou na feitura deste quadro a óleo, datado de 1933, pode ser avaliado pela imensa qualidade do estudo a pastel que o pintor fez para ele em 1927. Mesmo que o quadro a óleo não tivesse visto a luz do dia, o estudo, por si só, mereceria a nossa maior admiração. Mereceria, não; merece.


Estudo em pastel para As Promessas, de José Malhoa (1855–1933). Museu José Malhoa, Caldas da Rainha

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